quinta-feira, 8 de abril de 2010

FESTA DO DIVINO - Tradição que veio de Portugal

“A festa acontece no Vale do Guaporé atraindo todos os anos pessoas de várias regiões, e relembra a peregrinação criada pela rainha Dona Isabel, esposa do rei português Dom Diniz, nas primeiras décadas do século XIV”.

Foto da Festa do Divino - final de 70, começo de 80.

A festa do Divino Espírito Santo, em Rondônia, é realizada apenas no Vale do Guaporé, cujos habitantes cultivam com especial cuidado a tradição de origem portuguesa. 
A festa do Divino mobiliza um grande contingente de cristãos e é conhecida não apenas pela beleza do espetáculo em si, mas, principalmente pelo caráter de religiosidade e fé vivenciada por seus participantes. 
Esta mesma festividade acontece, em janeiro, em Goiás, mas ao contrário do evento do Centro Oeste, não tem grande repercussão na mídia nacional. É mais uma injustiça contra as tradições culturais-religiosas rondonienses, pois, a Festa do Divino Espírito Santo consegue reunir centenas de fiéis nos meses de abril, maio e junho num memorável espetáculo cristão.
Segundo relato de moradores, a Festa do Divino no Vale do Guaporé vem de 1899 e teria sido introduzida na região por Manoel Ferreira Coelho, que ao mudar de Vila Bela da Santíssima Trindade (antiga capital do Mato Grosso), para Ilha da Flores (no Vale do Guaporé), levou a  Coroa de Prata que simboliza o Divino, para que fosse devidamente venerada pelos fiéis, através de um sistema de rodízios, estendendo-se desde de então a todas as localidades do Vale do Guaporé a até algumas da Bolívia.




A origem

A festividade vem das primeiras décadas do século XIV, da pátria de Camões, sendo oficializada na corte portuguesa pela mulher do Rei Dom Diniz, a Rainha Dona Isabel. Naquela época havia a folia do Divino, que se constituía em um grupo de pessoas coletando contribuições de todas as espécies para a realização da festa. O grupo era integrado por músicos e cantores, que levavam a Bandeira do Divino. Na bandeira havia a pomba que simboliza o Espírito Santo. Essa função levava dias, semanas ou até mesmo meses.
A parte profana da festa, a folia, foi suprimida por ocasião da criação dos estatutos laborados sob a orientação do bispo missionário da época, Dom Francisco Xavier Rey, responsável também pela revitalização da Festa do Divino que sofreu um período de paralisação.
A festa conta com a colaboração de celebridades e seus auxiliares: Imperador e Imperatriz do Divino, Alferes da Bandeira, Capitão do Mastro, Mordomos, Engomadeiras e Secretária da Imperatriz, entre outros, numa reprodução da época. A escolha das pessoas para estas funções e a localidade onde será realizada a próxima festa é feita através de sorteio. Os preparativos mobilizam os foliões durante todo ano.




Peculiaridades da festa

A tradição portuguesa teve muitas de suas regras adaptadas, em nossa região. Em seu original, a dona da casa que não for casada sob os preceitos da Igreja, não poderia segurar o Cetro, uma tarefa que foi transferida para outra pessoa da casa.

Além da união de centenas de pessoas, em um momento de provação e fé a Festa do Divino tem como principal meta da peregrinação a coleta de donativos. As doações dos fiéis são entregues ao pároco local e revertidas em benefício da comunidade. 
A permanência da tripulação em cada localidade corresponde ao tempo para a coleta desses donativos, considerando-se os dias para completar os 40 dias até a chegada ao local promotor da festa. Os homens e mulheres carregam o mastro da bandeira até a frente da igreja onde a Bandeira do Divino ficará hasteada. Feito isso celebra-se o culto ao Divino.



Logo depois da Páscoa, o imperador da festa anterior determina a saída do Barco do Divino. O Imperador e Imperatriz não participam da romaria pelo Vale do Guaporé, aguardam a chegada da Coroa em terra, onde vai acontecer a festa.





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Leia mais:

Texto - PROFª SÔNIA ARRUDA

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