segunda-feira, 1 de novembro de 2010

FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA

Somente a energia e a determinação do Governador Dom Luiz de Cáceres, a competência e esforço dos engenheiros, técnicos, operários e a compulsória mão-de-obra escrava tornaram possível a construção do Forte Príncipe, obra a serviço dos homens D’El Rei, nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê... é serviço de Portugal. E tem de se cumprir”.
O Forte Príncipe da Beira não é apenas uma grande fortaleza, ele representa a potência portuguesa ao construir uma obra faraônica na região, com a intenção de defender os limites portugueses, no auge do Ciclo do Ouro, e também vigiar sua inimiga, a Espanha que tencionava atingir o Oceano Atlântico através dos rios Guaporé e Paraguai. 

Esta imponente obra de 970 metros de extensão e 10 metros de altura, no coração da Amazônia, nem mesmo chegou a ser utilizada como base militar. A demora nas comunicações viriam a impedir que a Capitania de Mato Grosso tomasse conhecimento do tratado de Ildefonso – firmado entre Portugal e Espanha. O tratado legitimava o domínio da margem direita do Guaporé a Portugal, tornando desnecessária a empreitada, entretanto, o comunicado chegaria a Vila Bela, com atraso de ano.

A disputa entre Portugal e Espanha vem de 1750, através do tratado firmado entre os dois reinados, que defendia as linhas de fronteira do rio Guaporé. O Forte Príncipe não foi a primeira construção dessa envergadura na região, no entanto, foi a mais dispendiosa e demorada, pois deveria impor respeito ao inimigo, por sua localização estratégica. O rei de Portugal, Dom José I, já havia criado a Capitania de Mato Grosso, cuja capital era Vila Bela, e nomeou como governador, Dom Luiz de Cáceres, em 1771.

Luiz de Cáceres chegaria na capitania depois de longos 13 meses de viagem, iniciando a construção da fortaleza sobre forte pressão política de seu rei e da proximidade do inimigo. “A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei...”, escreveria em 1776, ano em que foi iniciado a construção do Forte. As dificuldades impostas pelas distâncias fluviais; a ausência de mão-de-obra especializada, e a ineficiente comunicação com Portugal castigavam, mais não desencorajam a coroa portuguesa que prosseguia com a obra.


De Forte À Prisão

A construção do Forte Príncipe da Beira remota da passagem de flotilha de Pedro Teixeira pela embocadura do rio que ele denominou das Madeiras, entre 1637-39, quando a coroa portuguesa resolveu ficar com a posse do curso do rio Amazonas e de suas terras marginais até a região de Paiamino, no rio Aguarico.

 A passagem do bandeirante Antonio Raposo Tavares, em 1648-52, pelas localidades que separam as bacias dos rios Prata e Amazonas seguindo até as proximidades do Grão-Pará, serviriam como base para a dominação portuguesa no vale Guaporé

Dom José I, rei de Portugal cria, em 1746, a capitania de Mato Grosso, esta garantiu a posse para os portugueses dessas terras, nomeando como seu primeiro governador o capitão de infantaria, D. Antônio Rolim de Moura. Inicia-se assim o ciclo de dominação e destruição portuguesa na região. O tratado de Madri, firmado entre Portugal e Espanha (1750), que definia as linhas de fronteira do rio Guaporé, nos anos posteriores, não era mais obedecido por nenhum dos reinados após a descoberta de jazidas de ouro no Vale do Guaporé.

Dom Luiz Cáceres é nomeado governador de Mato Grosso, em 1772, gasta 13 meses e 14 dias para percorrer o Rio de Janeiro até a Vila Bela, capital de Mato Grosso. Um exemplo das dificuldades impostas pela Amazônia e à destruição da localidade para que os portugueses construíssem o Forte Príncipe da Beira, que seria abandonado anos depois quando Portugal, por motivos financeiros e políticos, perdeu o interesse pela região.

 A construção do forte que assegurou o domínio português, na margem direita do Guaporé e permitiu a vigilância dos rios Guaporé e Paraguai foi iniciada, em 1776, ainda no governo de Luiz Cáceres e finalizada em 1783. 

Com o fim do Ciclo do Ouro, no Vale Guaporé, e a Proclamação da República, o Forte Príncipe é renegado ao esquecimento. Não havia mais interesse em manter uma fortaleza na Amazônia. O Forte Príncipe não é somente uma grande fortaleza, ele é o marco da devastação e prepotência de um reinado. 

Somente em 1914, através de Marechal Cândido Rondon o forte voltaria a ser lembrado, depois de servir durante muitos anos como presídio e asilo dos desterrados de Portugal.



Atividade Avaliativa

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