quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um passeio pela história de Vilhena

A história desencadeada nas terras onde hoje se localiza o município de Vilhena remonta a tempos anteriores a descoberta do Brasil. Os primeiros habitantes, os povos indígenas já ocupavam a Chapada dos Pareci, bem como toda a região Amazônica a milhares de anos.
As margens dos rios localizados no cone sul desse estado possuem grandes sítios arqueológicos, a maior parte nunca estudado ou pesquisado por qualquer arqueólogo. As pessoas, muitos moradores, sitiantes colecionam por pura curiosidade farto material como: machados, facões, facas, pontas de lanças, pacas ornamentais, cerâmica de tempos e qualidades variadas que deveriam ser estudados classificados e postos a disposição das escolas, e sociedade em geral.

Mais recentemente, no século XVIII, a região foi invadida por algumas centenas de bandeirantes que buscavam nos rios e igarapés os metais preciosos, tão divulgados nas lendas e histórias fantásticas produzidas nos imaginários criativos das pessoas da época, como a incrível lenda do El Dorado.
Outros visitantes possuíam objetivos mais contundentes como a ocupação do território em nome da coroa portuguesa ou exploração de atividades econômicas como a mineração, coleta das drogas do sertão e aprisionamento de índios para torná-los escravos.
[...] Nesse novo contexto, as terras que compõem o sul de Rondônia, também receberam grandes contingentes que distribuídos nas “colocações”, vão trabalhar para atender a crescente demanda pela borracha no mundo.
Os rios foram percorridos e desvendados pelos seringueiros dando origens a uma infinidade de localidades ribeirinhas como: Pedras Negras, Remanso, Felix de Lima, Pimenteiras etc.
[...] O solo que acolhe a cidade de Vilhena foi parte do cenário para uma das obras da antropologia moderna mais significativa do mundo, “OS TRISTES TRÓPICOS” do francês Claude Lévi-Strauss. Os relatos são surpreendentes, a relação construída com os Bororo e Nhambiquara, promovem um sentimento angustiante, o local é o mais obscuro e distante que se possa imaginar, difícil crer que Vilhena tenha se tornado essa cidade tão acolhedora e aconchegante.
Ao pensar em Lévi-Straus nessa terra sinto certo orgulho e felicidade por pisar o chão que deu margem a existência de tão grande obra, que é apontada por muitos como o melhor livro do século XX.

Não menos importante é a expedição comandada por Cândido Rondon, não me refiro à construção da tão conhecida linha telegráfica entre Cuiabá e Santo Antônio das Cachoeiras, a jusante sete quilômetros de Porto Velho. Refiro-me a expedição Rondon/Roosevelt pelo rio da Dúvida, depois batizado de rio Roosevelt. 
[...] Da bandeira de Raposo Tavares ocorrida em 1648, à derrubada de uma árvore pelo então Presidente JK em 1960, tem um espaço de tempo com mais de trezentos anos. Foram milhões de esforços de pessoas desconhecidas e algumas conhecidas que geraram essa cidade.


Juscelino Kubitschek é um personagem que ao lado de Paulo Nunes Leal, ex-governador do território de Rondônia, desse o passo final para que o povoamento e conquista dessas terras se dessem de forma definitiva, gerando a cidade e o Estado que temos hoje.


Ao completar seus 34 anos de emancipação, essa terra tem muito a comemorar, e sua maior riqueza são as pessoas que como em outrora, ousaram sonhar e crer na possibilidade de uma cidade em local tão isolado, Vilhena é o exemplo da superação do homem sobre o absurdo mundo da malária que afrontou e gerou sofrimentos e vitimou a tantas pessoas. 
O isolamento geográfico que impedia as pessoas de retornar as SUAS origens, o enfrentamento com uma natureza desconhecida e perigosa, rios que são capazes de engolir homens embarcações e seus sonhos. Árvores gigantes, flora e fauna que foi sendo revelada com o tempo. 
Hoje somos Vilhena, e para quem não sabe, Rondônia e toda a Amazônia começam bem aqui.


 – 29 DE NOVEMBRO DE 2011 na Folha de Vilhena.

sábado, 5 de novembro de 2011

Real Forte Príncipe da Beira

O Real Forte Príncipe da Beira, também conhecido como Fortaleza do Príncipe da Beira, localiza-se na margem direita do rio Guaporé, no município de Costa Marques, estado de Rondônia, no Brasil.
Em posição dominante na fronteira com a Bolívia, esta fortaleza é considerada uma das maiores edificadas pela Engenharia Militar portuguesa no Brasil Colônia, fruto da política pombalina de limites com a Coroa espanhola na América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas Coroas entre 1750 e 1777. "Príncipe da Beira" é o título dos primogênitos dos herdeiros dos Reis de Portugal (i.e. netos), e assim foi batizado em homenagem ao príncipe D. José, neto de D. João V (1705-1750).



(...) A fundação do Forte do Príncipe da Beira [1776], com a de Viseu [1776], obrigaram os espanhóis à assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, cujo ajuste foi terminado em 1777, valendo aquele Capitão General [Pereira e Cáceres] a frase com que o pintaria o dirigente espanhol de Santa Cruz de la Sierra: 'O mais ambicioso dos Governadores portugueses'. (...)

O forte do Príncipe da Beira é abaluartado, [pelo] sistema Vauban, e construído sobre um quadrado, medindo cada face 118 metros e 50 centímetros e tendo em cada ângulo um baluarte de 59 metros sobre 48 na máxima altura.



Curiosidades
* A cor avermelhada da fortifização deve-se ao emprego, na sua construção, de pedra de canga laterítica, abundante na região.

* A pedra calcárea, utilizada nos arremates por exemplo, foi transportada de Vila Maria e de Belém do Pará.

* Embora a cifra de trabalhadores seja de duzentos homens, estima-se que pelo menos mil outros trabalhadores estiveram envolvidos na sua edificação, entre indígenas e escravos africanos.

* Os recursos para a edificação vieram, em grande parte, das receitas geradas pela Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão.

* Das inscrições nas paredes das antigas masmorras, podem-se inferir alguns detalhes da vida cotidiana na fortificação:



  • No dia 18 de setembro de 1852, pelas duas horas da tarde, a terra tremeu; 
  •  Alguns prisioneiros usavam grossa e comprida corrente ao pescoço;
  • Os presos eventualmente recebiam auxílio, na forma de esmolas, da população local.




Saiba mais:
http://olhonahistoria.blogspot.com/search/label/Real%20Forte%20Pr%C3%ADncipe%20da%20Beira

Fotos e Google Earth:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=575235
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